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História de Santa Maria

Contexto Histórico e Social

 

 

Santa Maria foi a primeira ilha dos Açores a ser descoberta (ou redescoberta), entre 1427 e 1432. O povoamento, sob a direcção de Gonçalo Velho, iniciou-se ainda antes de 1440 na região de Santana, junto à baía dos Anjos, onde os terrenos eram mais planos e favoráveis à agricultura cerealífera. A ermida dos Anjos, edificada nessa altura, consagrava simbolicamente o espaço recém-descoberto, sendo muito provavelmente a primeira igreja dos Açores. O pequeno templo está também associado à passagem de Cristóvão Colombo por Santa Maria: em 1493, no regresso da sua primeira viagem à América, os companheiros do grande navegador desembarcaram nos Anjos para ouvirem missa na ermida, dando assim cumprimento a uma promessa feita em alto mar – rezarem na primeira igreja dedicada a Nossa Senhora que encontrassem no regresso a casa.

Apesar das suas potencialidades agrícolas, a região de Santana/Anjos possuía evidentes fragilidades defensivas: as arribas baixas ofereciam escassa protecção às terras mais próximas e o ancoradouro dos Anjos era muito vulnerável aos ataques dos corsários, então muito frequentes. Em 1460 grande parte dos habitantes tinha sido, por isso, atraída para um local mais seguro, situado mais a sul, onde se viria a erguer o principal povoado de Santa Maria.

O primeiro núcleo habitacional de Vila do Porto foi construído na parte nascente de uma lomba situada entre dois vales e sobranceira a uma baía abrigada, que pareceu aos primeiros colonizadores particularmente propícia em termos defensivos. Dez anos mais tarde o burgo foi elevado à qualidade de Vila, sendo assim a mais antiga dos Açores. Acompanhando o relevo, a povoação cresceu rapidamente e, no fim do século XV, estava já esboçado o essencial do seu traçado urbano: três ruas compridas, ligadas por diversas travessas. A artéria mais importante era a Rua Direita (actual rua Frei Gonçalo Velho), onde vivia a aristocracia e se situavam os principais edifícios públicos. Esta rua constituiu-se desde muito cedo como eixo estruturante de Vila do Porto: foi pelo seu desdobramento numa “rua nova” que, durante os séculos XVII e XVIII, a povoação se estendeu progressivamente para norte e organizou a sua malha urbana em torno do Convento de S. Francisco. Fundado em 1607, este edifício teve uma influência decisiva no crescimento da Vila, obrigando o seu centro de gravidade a deslocar-se na direcção do antigo “arrabalde”.

Entre os séculos XV e XVII Santa Maria viveu em estado de vigilância e contínuo sobressalto face à ameaça dos corsários. Os documentos registam diversos ataques realizados por piratas castelhanos, franceses, ingleses e argelinos, mas estes últimos são ainda hoje recordados como os mais ferozes de todos. Em 1616 um devastador ataque de piratas vindos do Norte de África mergulhou a ilha na morte, destruição e pilhagem; muitos edifícios públicos foram incendiados e 222 marienses capturados foram levados para Argel como cativos.

Nesses primeiros séculos a economia da ilha assentava essencialmente na produção de plantas tintureiras, como o pastel e a urzela, na exportação de trigo para as praças portuguesas do Norte de África e no reabastecimento regular, com vinho, frutas e carne, dos barcos que demandavam Vila do Porto no regresso de África ou da Índia. Assumiu também uma importância crescente, a partir dos séculos XVII e XVIII, o comércio de barro, louças e cal para as outras ilhas dos Açores.

A transição entre os séculos XIX e XX seria marcada pelo início da baleação em Santa Maria. Esta actividade esteve centrada no porto do Castelo, um ancoradouro situado perto da Maia. A primeira época de baleação teve uma duração relativamente curta (1896/1904), tendo-se então capturado vinte e seis cachalotes. Voltou-se a balear em Santa Maria em 1937: a então constituída “Companhia Baleeira Mariense” era uma empresa com sócios de toda a ilha e todos os sectores de actividade, que dava emprego a mais de meia centena de trabalhadores. A baleação foi, assim, uma actividade criadora de riqueza e emprego no meio mariense e um caso ímpar de associação da população à volta de um projecto económico.

A Companhia Baleeira Mariense atingiu o seu apogeu em meados da década de cinquenta. A partir daí, com o preço do óleo em baixa e a emigração de muitos baleeiros, o sector entrou em crise. No verão de 1966, após trinta anos ininterruptos de actividade em que foram caçadas mais de 860 cachalotes, a estação baleeira do Castelo, conhecida entre os marienses por “fábrica da baleia” encerrou definitivamente a sua actividade.

O século XX seria também marcado  pela construção de um grande aeroporto de Santa Maria. Foi em 1944, no auge da segunda guerra mundial, que os Estados Unidos decidiram construir uma infraestrutura de apoio aéreo em Santa Maria, reconhecendo assim a importância estratégica da ilha no contexto do conflito no Atlântico Norte. De início a nova base tinha apenas objectivos militares mas em breve a excelente pista passou a ser a principal placa giratória entre a América e a Europa, constituindo, pela sua localização privilegiada, escala obrigatória dos aviões comerciais que cruzavam o Atlântico Norte. A pacata ilha sofreu então uma verdadeira revolução cultural, social e económica, com consequências em todos os sectores de actividade, e o aeroporto de Santa Maria tornou-se o principal elo de ligação entre os Açores e o Mundo.

Actualmente, apesar de terem perdido parte da sua importância, os serviços aeroportuários e actividades afins continuam a ter um papel fundamental numa economia de pequena escala, onde o turismo, a criação de gado e as pescas assumem um papel relevante.

Santamariaventura.com ​​ 

Santa Maria, uma ilha...um espaço online...
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